sábado, setembro 23, 2006

cativa-me

“Cativa-me - disse a raposa” e o pequeno príncipe cativou-a, e ela deixou de ser uma qualquer raposa e ele deixou de ser um qualquer rapazinho…

Os amigos também nos cativam, também nos tornam diferentes e mudam por nós…, e deixamos de ser seres sós, somos seres cativados e cativos…, ligados eternamente a amigos para os quais vamos ter sempre tempo, para os quais vamos estar sempre presentes…

quinta-feira, setembro 14, 2006

Mia couto

Estava sentada em frente ao computador a pensar em postar aqui qualquer coisa.. mas só me vinha á memória um poema do Mia Couto, daqueles lamechas e de fazer suspirar qualquer insensível (sim, para quem está com ar de descrédito a pensar :”- como se alguma coisa se te fizesse suspirar”; eu também suspirei…lol).
Depois pensei que se o escrevesse, no mínimo iam pensar que me tinha apaixonado loucamente, e andava com uma nuvem cor de rosa a pairar sobre este meu cérebro sem ideias… puro engano… não estou apaixonada, e agradeço o estado de espírito apático em que me encontro…
Assim sendo, e depois de reflectir acerca desse imenso engano em que vos iria induzir, resolvi fazer esta introdução explicativa…

E agora sim.. passo a citar :

Diz o meu nome
Pronuncia-o
Como se as sílabas te queimassem os lábios

Sopra-o com a suavidade
De uma confidencia
Para que o escuro apeteça
Para que se desatem teus cabelos
Para que (tudo) aconteça

Porque eu cresço para ti
Sou eu dentro de ti
Que bebe a última gota
E te conduzo a um lugar
Sem tempo nem contorno

Porque apenas para os teus olhos
Sou gesto e cor
E dentro de ti
Me recolho ferido
Exausto dos combates
Em que a mim próprio me venci.

No húmido centro da noite
Diz o meu nome
Como se eu te fosse estranho
Como se eu fosse intruso
Para que eu mesmo me desconheça
E me sobressalte
Quando suavemente
Pronunciares o meu nome.

terça-feira, setembro 12, 2006

mais história dentro da historia

Mais uma história…, no meio de tanta história.. daquelas histórias acerca de duas pessoas que se amam.., e como é de conhecimento comum,… se duas pessoas se amam, nunca poderão ser felizes (já dizia o Hemingway “se duas pessoas se amam uma à outra, não pode haver final feliz”)

Esta história é baseada em factos verídicos, verdade seja dita, nunca foi noticiada, nem adaptada para um filme, mas de qualquer modo, é uma história e todas as histórias têm o direito a um momento de fama, ainda que a fama passe somente por um blog reles que só amigos meus obrigados pela autora (eu) frequentam…

Mas essa histórias, a tal de duas pessoas que se amam e que consequentemente se separam, aconteceu, num presente actual, com pessoas que se cruzam diariamente connosco.

Foram felizes, disse-me ela, durante algum tempo, durante muito tempo até… estiveram juntos e juntos passaram por tanto…

Mas mudaram as coisas, mudaram os mundos, mudou a economia,…, mudou tudo… e eles também mudaram… ela mudou de olhar e ele mudou de casa e casou com outra…

Ainda lhe diz que a ama, ela ainda acredita.


E depois a pessimista sou eu… lololol

Não respondes?

O mundo é redondo??
Mas mesmo redondo, redondo? Assim como uma bola de futebol?
E a chuva?, sempre é a água de alguém que rega as flores lá em cima??
E a areia, são mesmo migalhas dos bolos que os anjos comem?
E o mar? sempre é no mar que moram as sereias?? E cantam? Essas sereias cantam para encantar as pessoas?
E o sol? É verdade que o sol se esconde envergonhado da lua?
Estás-me a ouvir?!?! Porque não me respondes?

"vê mais alto a gaivota que voa mais alto."

Era um texto batido, demasiadas vezes lido, comentado e pensado, era uma frase comum…, quem nunca leu Fernão Capelo Gaivota? A estória da gaivota que voava alto de mais, tal como sonhava alto de mais?!?… mas também, quem nunca tinha sonhado alto de mais?!?

Ia escreve-la de qualquer forma, batida ou não…, era o que precisava de dizer, também tinha o direito de pensar, porque as suas asas também eram nada mais nada menos do que o seu pensamento.

“-para começar – disse pesadamente -, vocês têm de compreender que uma gaivota é uma ideia ilimitada de liberdade, uma imagem da Grande Gaivota, e todo o vosso corpo, desde a ponta de uma asa até à ponta da outra, não é mais do que o vosso pensamento.”

Talvez ninguém chegasse a ler o que escrevera, ou provavelmente não entenderiam,…, talvez fosse mesmo uma utopia sua… talvez também os seus voos fossem demasiado altos,.., ou talvez, também alguém, tal como o Francisco Gaivota chegasse à conclusão de que “não há limites…”

quarta-feira, setembro 06, 2006

Não quero

Definitivamente não gosto de novas pessoas.
Não gosto… não gosto que me digam que a tal pessoa é assim e assado…
Quero lá saber como ela é, não me interessa o que faz, o que pensa, o que diz… não quero conhecer mais ninguém, mais nada… basta-me o que tenho, quem conheço…
Não quero mais amigos, tenho os meus. Mais… não quero mais hipóteses… já tive as minhas… não quero mais nada…


Hoje, não quero que me digas o que.., ou quem é o ideal…, quero bater com a cabeça na parede até EU compreender que errei… quero que me ouças, somente… que fiques parada na tua cadeira favorita e me ouças, que concordes comigo, ainda que me saibas errada…Hoje preciso que me protejas, que sejas acima de tudo o que sempre foste… quero que sejas amiga, daquelas que ás vezes nos amparam os golpes em vez de chamar à realidade…

Leitura em dia

Quantas vezes já não ouvi dizer que ler é uma perda de tempo… que pode instruir, mas que no fundo.. não passa de um passatempo reles e pouco lúdico..
A esses, aqueles que não gostam de ler, que a leitura mais interessante é mesmo o que escrevo neste meu cantito (com isto quero dizer – aqueles que não lêem mesmo nada de nada de interessante) aqui fica um incentivo á leitura.. e àquilo que um livro pode significar, mesmo que não seja o livro da nossa vida, nem do nosso momento.. um livro é sempre um livro…

Este livro.
Passa um dedo pela página, sente o papel
Como se sentisses a pele do meu corpo, o meu rosto.

Este livro tem palavras, esquece as palavras por
Momentos. O que temos para dizer não pode ser dito.

Sente o peso deste livro. O peso da minha mão sobre
A tua. Damos as mãos quando seguras este livro.

Não me perguntes quem sou. Não me perguntes nada.
Eu não sei responder a todas as perguntas do mundo.

Pousa os lábios sobre a página, pousa os lábios sobre
O papel. Devagar, muito devagar. Vamos beijar-nos




A casa, a escuridão de José Luis Peixoto