segunda-feira, maio 08, 2006

Depois da Chuva


Devagar para ninguém dar por isso,.., entra sem bater e senta-se a um canto…

Chovia lá fora, há tanto tempo que chovia lá fora…, mas aquela porta entreaberte pareceu um convite, um verdadeiro porto de abrigo…

Há quanto tempo chovia?!?, há quanto tempo caminhava sob a chuva grossa e pesada, diria que há anos…. Longos anos…

Agora aquela porta aberta,…, saberia tão bem lá entrar, sentar-se no quente, secar as roupas e alma…

Entrara com a ideia clara que a casa não era sua, e que como intrusa não demoraria muito, aliás, ninguém daria por ela, ninguém a convidaria a entrar, ninguém lhe diria nada…

Estava errada, como em tantas outras coisas, errara… Havia gente em casa, pior, convidaram-na para se sentar com ele, para estar,…, para ficar mais um pouco…
Poderia habituar-se àquilo, seria bom, muito bom até, ter companhia e um lugar seguro para estar, para ficar…

Mas não podia, a casa não era dela, e não queria pedir favores…

Agradeceu e prometeu não voltar a importunar, nunca mais…

Mas no dia seguinte passou novamente á porta, não ia entrar, tinha a certeza, mas precisava de ver, de olhar para a porta, de correr os dedos pela parede rugosa, de imaginar como teria sido se aceitasse a esmola de um estranho…

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